Trabalhador vai à Justiça por direitos
O Brasil acompanha uma nova escalada de processos na Justiça do Trabalho, que expõe as fragilidades profundas deixadas pela reforma trabalhista, aprovada pelo governo Temer em 2017. Depois de impor barreiras para que o empregado buscasse judicialmente os direitos, a lei provocou uma queda no número de processos, mascarando conflitos reais do mundo do trabalho. De um tempo para cá, a tendência mudou
Por Ana Beatriz Leal
O Brasil acompanha uma nova escalada de processos na Justiça do Trabalho, que expõe as fragilidades profundas deixadas pela reforma trabalhista, aprovada pelo governo Temer em 2017. Depois de impor barreiras para que o empregado buscasse judicialmente os direitos, a lei provocou uma queda no número de processos, mascarando conflitos reais do mundo do trabalho. De um tempo para cá, a tendência mudou.
Entre 2022 e 2025, a curva voltou a subir. Mudanças econômicas, rotatividade elevada e a precarização estrutural aprofundada pela reforma criaram um ambiente em que o descumprimento dos direitos ficou ainda mais recorrente.
Com a flexibilização da Justiça gratuita pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e o TST (Tribunal Superior do Trabalho), muitos trabalhadores, antes temerosos pelo custo do acesso ao Judiciário, puderam voltar a denunciar irregularidades.
De acordo com o TST e o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em 2022 as novas ações trabalhistas somaram 1,65 milhão; número que saltou para 1,9 milhão em 2023; já em 2024, ultrapassou os 2,1 milhões, o maior volume desde 2017. Para 2025, magistrados e especialistas projetam cerca de 2,3 milhões de casos.
O aumento revela um problema no modelo de relações de trabalho, que segue uma lógica capitalista que privilegia a redução de custos para alavancar o lucro. Os direitos trabalhistas são tratados como obstáculos. Na cabeça do patrão, é melhor descumprir do que respeitar.
