FMI projeta crescimento global liderado por países africanos em 2026

A expansão ocorre após anos de retração econômica e também está vinculada ao setor petrolífero.

Por Rose Pacheco

As projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) para 2026 indicam que as economias com maior taxa de crescimento do PBI (Produto Interno Bruto) estarão concentradas, majoritariamente, no continente africano, além de países da América do Sul e da Ásia. Os dados constam do relatório World Economic Outlook e apontam para uma redistribuição geográfica do dinamismo econômico global.

 

 

De acordo com o ranking, sete dos 10 países com maior expansão percentual do PIB projetada para 2026 estão na África. A lista é liderada pela Guiana, na América do Sul, que desponta como a economia de crescimento mais rápido, alta estimada em 23%. O desempenho é impulsionado pelo aumento acelerado da produção de petróleo em águas profundas, que transformou o país em um dos principais novos polos energéticos da região.

 

 

Na segunda posição aparece o Sudão do Sul, com crescimento estimado em 22,4%. A expansão ocorre após anos de retração econômica e também está vinculada ao setor petrolífero.

 

 

A Guiné ocupa o terceiro lugar, com projeção de crescimento de 10,5%, puxada principalmente pela mineração, com destaque para a produção de bauxita, além de investimentos em infraestrutura. Em seguida, o Sudão registra crescimento estimado de 9,5%, reflexo de uma base econômica reduzida após anos de crise, embora atividades agrícolas e minerais sigam em funcionamento.

 

 

Uganda e Ruanda figuram na quinta e sexta posições, com crescimentos projetados de 7,6% e 7,5%, respectivamente. Uganda tem atraído investimentos nos setores de energia, infraestrutura e petróleo, enquanto Ruanda mantém expansão sustentada por serviços, turismo e projetos urbanos. O Butão surge em sétimo lugar, com crescimento estimado de 7,4%, apoiado principalmente na geração de energia hidrelétrica e no setor de serviços.

 

 

A Etiópia aparece logo em seguida, com projeção de 7,1%, sustentada por investimentos estatais em industrialização e infraestrutura. Completam o ranking Benim e Níger, ambos com crescimento estimado de 6,7%. O desempenho do Benim está ligado ao comércio regional, logística e atividades portuárias, enquanto o Níger avança com base na mineração, agricultura e projetos energéticos.

 

Brasil: crescimento mais moderado, mas com peso regional

 

 

Embora o Brasil não figure entre as economias com maior taxa de crescimento projetada para 2026, o FMI aponta uma expansão mais moderada para a maior economia da América Latina, refletindo um cenário de estabilidade macroeconômica, inflação sob controle e desafios fiscais persistentes.

 

 

Analistas destacam que, diferentemente de países que apresentam crescimento acelerado a partir de bases econômicas menores ou impulsionadas por setores específicos, como petróleo e mineração, o Brasil mantém um desempenho mais equilibrado e diversificado. O crescimento brasileiro segue sustentado pelo mercado interno, pelo agronegócio, pela indústria e pelo setor de serviços, além do papel estratégico do país nas cadeias produtivas globais.

 

 

Nesse contexto, o relatório do FMI reforça que taxas mais elevadas de crescimento nem sempre refletem maior solidez econômica no longo prazo. Para economias de grande porte, como a brasileira, a manutenção da estabilidade e o estímulo ao investimento produtivo seguem sendo determinantes para um crescimento sustentável.