Quando o lucro sufoca o planeta

Para evitar o pior, os investimentos precisariam ser multiplicados, nove vezes em mitigação, treze em adaptação. Mas a elite econômica, que causou o problema, segue fingindo não ver. O custo da omissão já supera qualquer orçamento. O que está em jogo não é só economia, é a dignidade da vida, o direito ao básico. 

Por Camilly Oliveira

A crise climática não é mais uma previsão distante, mas um colapso em curso, com alvos bem definidos: pobres e periféricos. Enquanto bilionários seguem lucrando com petróleo, soja e destruição, o aquecimento global já reconfigura a economia e o cotidiano.

 

 

Quem vive do salário mínimo sente primeiro: comida mais cara, energia instável, combustível nas alturas. A desigualdade climática escancara que, no Sul do mundo, o calor mata mais do que a fome e faz os dois ao mesmo tempo.

 

 

Segundo relatório do Boston Consulting Group com a Universidade de Cambridge e o climaTRACE, o mundo pode perder até 34% do PIB (Produto Interno Bruto) global até 2100. No Brasil, o rombo pode chegar a 18% do PIB, algo em torno de R$ 1 trilhão por ano. Tudo isto resultado de enchentes brutais, secas devastadoras, e o colapso de ecossistemas. A Amazônia corre risco de virar savana. A agricultura desmorona e o custo da comida explode.

 

 

Para evitar o pior, os investimentos precisariam ser multiplicados, nove vezes em mitigação, treze em adaptação. Mas a elite econômica, que causou o problema, segue fingindo não ver. O custo da omissão já supera qualquer orçamento. O que está em jogo não é só economia, é a dignidade da vida, o direito ao básico.

 

 

O Brasil, apesar de ameaçado, carrega um trunfo: pode liderar a mudança. Energia limpa, biodiversidade, floresta viva, tudo que o mundo precisa esta aqui. A COP30 em Belém será decisiva. Ou o país assume o protagonismo que a história exige, ou afunda junto com o modelo falido que enriquece poucos e condena milhões.