De quem é a Amazônia? Do capital

Dados divulgados nesta quinta-feira (05/06), Dia Mundial do Meio Ambiente, revelam o que já era óbvio: a destruição da Amazônia tem endereço certo. Entre janeiro e abril deste ano, 80% do desmatamento se concentrou em florestas públicas sem destinação oficial. Terras que deveriam servir ao povo seguem entregues à especulação, à motosserra e ao fogo.

Por Camilly Oliveira

Dados divulgados nesta quinta-feira (05/06), Dia Mundial do Meio Ambiente, revelam o que já era óbvio: a destruição da Amazônia tem endereço certo. Entre janeiro e abril deste ano, 80% do desmatamento se concentrou em florestas públicas sem destinação oficial. Terras que deveriam servir ao povo seguem entregues à especulação, à motosserra e ao fogo.

 


Não é acidente. A grilagem foi institucionalizada a partir de 2017, com a MP 759 de Temer, convertida na Lei 13.465. Bolsonaro aprofundou o estrago com a MP da grilagem, desmonte de órgãos de fiscalização e blindagem dos infratores. A máquina pública virou sócia do crime ambiental. Quem invadiu, ganhou título. Quem destruiu, saiu impune. 

 


Agora, em 2025, os números gritam. Mais de 32 milhões de hectares de florestas públicas aparecem como “propriedades privadas” no CAR (Cadastro Ambiental Rural). Só em abril, o desmatamento explodiu: 192% maior que em março. O Amazonas lidera em área devastada; o Pará, em hectares queimados. 

 


Às vésperas da COP30, o Brasil carrega nas costas um passivo ambiental vergonhoso. A Câmara Técnica criada em 2023 prometeu destinar 14 milhões de hectares. Nenhum palmo saiu do papel. Sem demarcação, sem regularização, sem expulsar grileiros, as terras continuarão sendo entregues ao capital predador. Não falta diagnóstico, mas ação.