Os filhos das vítimas de feminicídio
A violência ultrapassa o ato final, em 39% dos casos, o assassinato ocorreu dentro da residência da vítima, em quase um quarto, o autor tinha relação muito próxima com a mulher morta. Muitas crianças testemunharam o crime ou crescerão com a memória do medo. O feminicídio destrói a figura central do cuidado e amplia desigualdades sociais já profundas, com impactos emocionais, econômicos e educacionais que acompanham estas vítimas indiretas por toda a vida.
Por Camilly Oliveira
Os feminicídios de 2025 construíram um mapa de perdas que não cabe nas estatísticas oficiais. A cada dia, quatro crianças perdem a mãe no Brasil, segundo dados do Laboratório de Estudos de Feminicídios da UEL. Entre janeiro e junho, 950 mulheres foram assassinadas por violência de gênero, deixando 683 filhos e filhas órfãos. A maternidade sustenta lares inteiros, cada crime acaba com vínculos afetivos, desorganiza a sobrevivência familiar e empurra infâncias para um futuro de ausência e insegurança.
A violência ultrapassa o ato final, em 39% dos casos, o assassinato ocorreu dentro da residência da vítima, em quase um quarto, o autor tinha relação muito próxima com a mulher morta. Muitas crianças testemunharam o crime ou crescerão com a memória do medo. O feminicídio destrói a figura central do cuidado e amplia desigualdades sociais já profundas, com impactos emocionais, econômicos e educacionais que acompanham estas vítimas indiretas por toda a vida.
Existe uma resposta legal, mas ela ainda é insuficiente diante da dimensão do trauma. A pensão prevista desde 2023, regulamentada apenas em setembro de 2025, garante até um salário mínimo a dependentes menores de 18 anos. O benefício pode amenizar a carência material, mas não recompõe laços nem repara o dano social. Para combater o feminicídio é necessário política pública forte, proteção permanente e a compreensão de que cada mulher assassinada leva o direito de uma família inteira ao futuro.
