Caixa desrespeita empregados ao manter teto de 6,5%

Depois de uma live de quase quatro horas, a Caixa conseguiu escancarar o total descaso com os empregados. Em vez de anunciar a tão esperada retirada do teto de 6,5% da folha para custeio do Saúde Caixa, o banco reiterou a manutenção

Por Fabiana Pacheco

Depois de uma live de quase quatro horas, nesta terça-feira, a Caixa conseguiu escancarar o total descaso com os empregados. Em vez de anunciar a tão esperada retirada do teto de 6,5% da folha para custeio do Saúde Caixa, o banco reiterou a manutenção, frustrando a principal expectativa dos trabalhadores.


Os números confirmam o alerta das entidades: o plano acumulou déficit de R$ 154,1 milhões apenas nos dois primeiros meses de 2025. Enquanto isso, a instituição segue se recusando a cumprir o ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) específico do convênio médico, que estabelece a responsabilidade do banco de arcar com 70% dos custos com a saúde.


Com a manutenção do teto, herdado do governo Temer, os usuários bancam quase metade das despesas da assistência, realidade insustentável. A postura ignora a saúde dos empregados e compromete o futuro do Saúde Caixa.

 

Carlos Vieira ignora empregados 
A decisão de manter o teto de 6,5% no Saúde Caixa tem nome e sobrenome: Carlos Vieira, presidente do banco. Ao passar por cima da principal reivindicação dos empregados, o executivo revela uma gestão distante da realidade de quem move o banco todos os dias.


A insistência em manter o limitador inviabiliza a sustentabilidade do plano, sobrecarrega os usuários e mostra que a saúde dos trabalhadores não é prioridade para a atual direção. As entidades continuam pressionando junto à Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais) pela revogação do teto. 

 

Equidade de fachada 
Outro ponto que chamou atenção negativamente durante a longa transmissão da Caixa foi o discurso sobre equidade de gênero. Na prática, o que o banco apresentou como avanço foi a destinação de apenas 30% das vagas de direção para mulheres. 


É pouco. Muito pouco. Ainda mais vindo de uma empresa pública, com responsabilidade social e papel estratégico no país. O percentual soa mais como uma tentativa de marketing do que um compromisso real com igualdade de oportunidades.


Dados da RAIS 2024 mostram que as mulheres representam 45% da força de trabalho da empresa, o que evidencia que ainda há um descompasso significativo. Para o movimento sindical, a medida soa como uma tentativa de desviar o foco das decisões mais sensíveis e urgentes para os trabalhadores, como o financiamento justo do plano de saúde.

 

Fundação Caixa: o que o banco esconde?
Sem dar tempo para respirar, na live, as entidades foram informadas sobre a criação da Fundação Caixa, com objetivo ainda pouco explicado e muito questionado. São muitas as perguntas sem respostas.


Por que uma empresa pública precisa de uma fundação? Quais são os objetivos reais? Que impactos terá na vida dos trabalhadores e no papel da Caixa como banco público? A falta de clareza e transparência é alarmante. O movimento sindical não aceitará medidas obscuras, que possam enfraquecer a Caixa, precarizar direitos ou comprometer o futuro dos empregados e do banco.