Bradesco: Retrato perverso ultraliberal
Apenas nos três primeiros meses de 2025, o banco obteve lucro líquido de R$ 5,86 bilhões. Em 2024, mais de 3 mil bancários foram desligados em todo o país, sendo mais de 200 na Bahia.
Por Rose Lima
O Sindicato dos Bancários da Bahia realizou, nesta terça-feira (13/05), um forte protesto na agência do Bradesco Garcia, em Salvador, onde funciona a Diretoria Regional do banco. A intenção é denunciar a reestruturação imposta pela empresa, que, sob a justificativa de modernização, promove o fechamento de unidades e a demissão em massa de funcionários.
O movimento, que contou com a presença do presidente do Sindicato, Elder Perez, do diretor e representante dos funcionários na COE (Comissão de Organização dos Empregados), Ronaldo Ornelas, da presidente da Federação da Bahia e Sergipe, Andreia Sabino, e diversos outros dirigentes sindicais, fez um duro pronunciamento contra o modelo de gestão adotado pelo Bradesco, que tem como base o ultraliberalismo. Uma lógica que enxerga apenas números e resultados, em total desprezo pelas pessoas.
“A realidade é que os bancos têm se transformado em verdadeiras máquinas de maltratar gente. O Bradesco lucra bilhões e, mesmo assim, fecha agências e demite trabalhadores. Isso não é eficiência. É desumanidade”, criticou Elder Perez.
Os números confirmam a denúncia. Apenas nos três primeiros meses de 2025, o banco obteve lucro líquido de R$ 5,86 bilhões. Em 2024, mais de 3 mil bancários foram desligados em todo o país, sendo mais de 200 na Bahia. Ainda assim, a empresa insiste em avançar com a política de enxugamento, sem qualquer preocupação com os impactos sociais.
A principal justificativa da empresa para a reestruturação é a migração para os canais digitais. No entanto, o uso da tecnologia não pode ser pretexto para negar o acesso da população aos serviços bancários. “A tecnologia deve ser aliada, não barreira. Muitas pessoas, sobretudo as mais carentes e os idosos, dependem do atendimento presencial e estão sendo excluídas”, destacou Ronaldo Ornelas.
Um exemplo positivo citado durante o protesto vem do Maranhão. Em decisão recente, a Justiça, a partir de ação movida pelo Procon, reconheceu o direito da população ao atendimento presencial. A negação, segundo a decisão, configura violação das garantias fundamentais dos cidadãos.
“O que exigimos não é nada além do básico: respeito aos trabalhadores e à população. O Bradesco não pode continuar promovendo demissões em massa enquanto engorda os lucros”, afirmou a presidente da Feeb, Andreia Sabino. O Sindicato segue mobilizado.