Capital que adoece a infância
Sem ações efetivas de mitigação, como o investimento em infraestrutura verde, o planejamento urbano sustentável e a adaptação das escolas às novas realidades climáticas, os impactos sobre essa geração serão irreversíveis.
Por Julia Portela
As crianças do século XXI estão mais expostas às consequências da crise ambiental. Ondas de calor intensas, poluição do ar e a emissão descontrolada de gases de efeito estufa aumentam os riscos à saúde infantil, comprometendo o desenvolvimento cognitivo e escolar, além de acentuarem a instabilidade econômica, alimentar e os deslocamentos forçados.
De acordo com o relatório A Primeira Infância no Centro da Crise Climática, divulgado nesta quinta-feira (05/06) pelo Núcleo Ciência Pela Infância, crianças brasileiras nascidas em 2020 viverão, em média, 6,8 vezes mais ondas de calor e 2,8 vezes mais inundações e perdas de safra ao longo da vida do que aquelas nascidas em 1960.
Sem ações efetivas de mitigação, como o investimento em infraestrutura verde, o planejamento urbano sustentável e a adaptação das escolas às novas realidades climáticas, os impactos sobre essa geração serão irreversíveis. A ausência de políticas públicas voltadas à equidade ambiental compromete diretamente o desenvolvimento integral das crianças.
Questionar o modelo econômico que destrói florestas e coloca o lucro acima da vida é essencial. Pensar em longevidade social e justiça climática é remar contra a lógica individualista do capital, que prioriza interesses privados em detrimento do bem comum. É preciso escolher entre o futuro das próximas gerações ou a continuidade de um sistema excludente e predatório.