Reunião GT Saúde do Itaú: saúde é direito e não moeda de troca

Foi criticada a prática de avaliações médicas que focam mais na vida pessoal do que nas condições de trabalho, revelando uma lógica de vigilância e controle que o banco mantém inclusive sobre a saúde de seus empregados.

Por Julia Portela

O Grupo de Trabalho (GT) Saúde se reuniu nesta terça-feira (12) com a direção do Itaú para discutir uma série de denúncias feitas por bancários sobre o atendimento médico e as condições de saúde no trabalho. Entre as principais queixas, estão a falta de autonomia dos médicos das clínicas credenciadas — que só podem concluir o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) após autorização do médico coordenador em São Paulo —, a repetição de exames para alterar resultados e a emissão de ASO apenas por e-mail. Também foi criticada a prática de avaliações médicas que focam mais na vida pessoal do que nas condições de trabalho, revelando uma lógica de vigilância e controle que o banco mantém inclusive sobre a saúde de seus empregados. Mesmo com lucros bilionários crescentes, a melhoria real das condições nunca chega para quem produz essa riqueza.

 


Outro ponto de indignação foi a exigência absurda para que o trabalhador redija, de próprio punho, uma carta autenticada em cartório, com foto do crachá, para ter acesso ao próprio prontuário médico — algo que poderia ser consultado pelo sistema IU Conecta. A COE Itaú apontaram a contradição: o ASO precisa ser assinado pelo bancário, que pode inclusive recusá-lo, mas quando se trata de conferir exames e anotações médicas, o acesso é dificultado ao máximo. É a tecnologia sendo usada para restringir direitos, e não para facilitar a vida de quem trabalha.

 


Luciana Dória, diretora da FEEB e integrante do GT Saúde do Itaú, reforçou: “Estamos atentos às modificações que o banco vem promovendo nos procedimentos relacionados à saúde e seguimos solicitando a revisão de condutas que consideramos abusivas. A saúde do trabalhador deve ser tratada com máxima seriedade, especialmente no caso daqueles que adoeceram no próprio ambiente de trabalho.”

 


Também entraram na pauta a demissão de empregados em tratamento de doenças graves, como câncer, a perda da qualidade de segurado, a melhoria na folha de pagamento de trabalhadores licenciados e a realização de uma pesquisa de satisfação sobre os serviços médicos. Após pressão, o Itaú se comprometeu a criar um espaço para contestação dos resultados do ASO e a disponibilizar comprovante físico para quem solicitar. A luta agora é para que esses compromissos se transformem em prática concreta e garantam que a saúde dos bancários seja respeitada como direito, e não tratada como obstáculo ao lucro.