Elas cuidam, sustentam e ainda sofrem
O dado revela a persistência de uma lógica patriarcal profundamente enraizada no país. A de que casa, cuidado e maternidade são responsabilidades naturais das mulheres.
Por Rose Lima
Apesar dos avanços no debate público sobre igualdade de gênero, a realidade no Brasil ainda é marcada por uma divisão desigual do trabalho doméstico e 93% das mulheres assumem sozinhas os afazeres domésticos. A informação consta na pesquisa Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado, realizada pela Fundação Perseu Abramo.
O dado revela a persistência de uma lógica patriarcal profundamente enraizada no país. A de que casa, cuidado e maternidade são responsabilidades naturais das mulheres. O levantamento, que acompanha há mais de duas décadas os avanços e retrocessos na luta por igualdade, mostra que, quando o tema é trabalho doméstico e cuidado, quase nada mudou desde a primeira edição do estudo, em 2001.
Paralelamente, o índice de lares chefiados por mulheres continua crescendo. Elas são as principais responsáveis por 49% das casas no Brasil. Ou seja, além de sustentar, elas também acumulam jornadas duplas ou triplas, sem a devida corresponsabilidade ou reconhecimento.
No mercado de trabalho, mais desigualdades. Apenas 46% das mulheres estão no emprego formal, contra 61% dos homens. Já a informalidade atinge 58% das trabalhadoras, muitas delas em atividades precárias, sem direitos ou proteção social.