Sobrecarga e medo adoece

A sobrecarga é apontada como o principal instrumento de assédio: metas inalcançáveis, acúmulo de tarefas e ameaças veladas se tornaram parte do cotidiano.

Por Rose Lima

Um retrato duro e preocupante do que se tornou o ambiente de trabalho na Caixa. A ameaça de perda de função e a sobrecarga de trabalho são as formas mais frequentes de assédio no banco e o impacto na saúde mental é devastador.

 

 

Entre os empregados submetidos a esse tipo de pressão, o uso de medicação controlada mais do que dobra, passando de 18,5% para 39,7%. O dado escancara que a gestão baseada no medo e na cobrança excessiva está medicalizando o sofrimento humano.

 

 

Os índices constam em uma pesquisa realizada pela Acerte Pesquisa e Comunicação com 3.820 empregados entre junho e julho deste ano. O levantamento, que investigou riscos psicossociais e condições de trabalho, mostra que quase metade dos empregados já foi vítima ou testemunha de práticas abusivas.

 

 

A sobrecarga é apontada como o principal instrumento de assédio: metas inalcançáveis, acúmulo de tarefas e ameaças veladas se tornaram parte do cotidiano. “É uma forma de controle e punição que destrói o psicológico dos trabalhadores”, afirma o relatório.

 

 

Mesmo diante do quadro, o adoecimento permanece invisível para a instituição. Quatro em cada 10 empregados nunca se afastaram, mesmo adoecidos. Entre os que se afastaram, 82% não registraram a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e 37% admitiram ter medo de retaliação. Os dados escancaram o assédio organizacional institucionalizado, sustentado por metas desumanas e pela cultura da produtividade a qualquer custo.