Dia de Luta expõe a ferida aberta
O protesto escancarou o paradoxo brutal de um banco que registra R$ 6,2 bilhões de lucro no terceiro trimestre, mas elimina milhares de empregos e destrói a rede física, impondo um cotidiano de medo, pressão e adoecimento aos funcionários.
Por Camilly Oliveira
A manhã desta quarta-feira (19/11) marcou um importante ato do Dia Nacional de Luta, em frente ao Bradesco Capemi. Trabalhadores e dirigentes sindicais transformaram a indignação coletiva em denúncia pública. O protesto escancarou o paradoxo brutal de um banco que registra R$ 6,2 bilhões de lucro no terceiro trimestre, mas elimina milhares de empregos e destrói a rede física, impondo um cotidiano de medo, pressão e adoecimento aos funcionários.
No ato, a presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Andréa Sabino, resumiu o tamanho da contradição ao lembrar que o Bradesco economizou R$ 12 milhões com a digitalização, enquanto retirou 30 mil postos de trabalho desde 2016. Para ela, a matemática do banco desafia a lógica: “Já cortaram tudo que podiam e o adoecimento virou rotina”, afirmou, defendendo que a categoria precisa de união para enfrentar um modelo que “nega dignidade, destrói saúde e transforma metas em tortura diária”.
O presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Elder Pérez, reforçou que o ataque do Bradesco atinge também a população, ao fechar agências e expulsar comunidades inteiras do acesso ao serviço bancário. Destacou ações conjuntas com prefeituras e parlamentares que impediram o fechamento de unidades em municípios baianos, mas alertou que a correlação de forças no Congresso ainda favorece banqueiros. “Sem um Parlamento comprometido com o povo, qualquer regulamentação será moldada ao gosto dos bancos”.
O diretor do SBBA, Ronaldo Ornelas, da COE (Comissão de Organização dos Empregados), lembrou que o banco elevou a lucratividade mesmo após impor um modelo agressivo inspirado no Santander, sem oferecer plano de carreira, segurança ou estabilidade. O ato desta quarta mostrou que a resistência não recuou e que, diante da crueldade corporativa, somente a mobilização coletiva será capaz de impedir novos retrocessos.
