Inflação do aluguel cai e debate ganha força

A queda representa um alívio esperado e necessário em um país onde o acesso à moradia digna ainda é atravessado pela especulação imobiliária e pela lógica de mercado que prioriza lucros em detrimento do direito social garantido em lei.

Por Julia Portela

A chamada “inflação do aluguel” registrou queda no acumulado de 12 meses, marcando -0,11% entre dezembro de 2024 e novembro de 2025, segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas nesta quinta-feira (27). É a primeira vez desde maio de 2024 que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) fica negativo, cenário que reacende o debate sobre o peso dos aluguéis no orçamento das famílias, especialmente das trabalhadoras que enfrentam a alta do custo de vida.

 

 

O comportamento do IGP-M é acompanhado de perto por inquilinos e pequenos comerciantes, já que o índice segue amplamente utilizado como referência para reajustes anuais nos contratos de locação. A queda representa um alívio esperado e necessário em um país onde o acesso à moradia digna ainda é atravessado pela especulação imobiliária e pela lógica de mercado que prioriza lucros em detrimento do direito social garantido em lei.

 

 

Mesmo assim, o recuo do indicador não assegura redução imediata nos valores cobrados. Muitos contratos contêm cláusulas que determinam reajuste apenas quando há variação positiva do IGP-M, mecanismo que mantém a desigualdade na relação entre proprietários e inquilinos e impede que o índice negativo se converta automaticamente em benefício para quem mais precisa.

 

 

A situação reforça a urgência de rever práticas contratuais e fortalecer políticas públicas que defendam a moradia como direito, não como mercadoria. Num cenário de estagnação salarial e pressão inflacionária, qualquer avanço que alivie o peso do aluguel deve ser assegurado, fiscalizado e ampliado.