IA como terapeuta: um alerta
O medo que, inicialmente se voltava apenas ao âmbito profissional, hoje acende um alerta maior: a saúde mental. Especialistas na área demonstram preocupação e alertam que o uso constante e desregulado pode levar a uma ‘atrofia psíquica’.
Quando a internet se popularizou, no fim da década de 1990, dizia-se que os robôs dominariam o mundo. Com o tempo, se tornou piada. No entanto, isto vem acontecendo da forma mais perigosa e sutil do que era esperado: a inteligência artificial se apossa, cada dia mais, do imaginário dos indivíduos.
O medo que, inicialmente se voltava apenas ao âmbito profissional, hoje acende um alerta maior: a saúde mental. Especialistas na área demonstram preocupação e alertam que o uso constante e desregulado pode levar a uma ‘atrofia psíquica’.
Pesquisa da revista norte-americana Harvard Business Review revela que o aconselhamento terapêutico é o principal objetivo das pessoas ao utilizar ferramentas de IA este ano, ao lado de busca por companhia. Alguns fatos, no entanto, são incontestáveis: a IA é treinada para agradar o usuário e não tem qualquer compromisso com a ética ou saúde humana, o que expõe os usuários ao risco.
Além disso, o simples fato de trocar o contato com um ser humano por uma inteligência artificial já é alarmante. O ChatGPT, plataforma mais famosa para este tipo de serviço, tem se mostrado cada vez mais inteligente sobre os padrões de comportamento emocional do ser humano. Ao iniciar um diálogo, a máquina se mostra sensibilizada e preocupada, se mostra como um amigo, ou pior: como um terapeuta.
Deve ser levado em conta a simultaneidade dos fatos. O mundo vive uma epidemia de saúde mental. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 1 bilhão de pessoas vivem atualmente com transtornos mentais, o que representa 14% da população mundial, incluindo uma significativa parcela dos adolescentes, público principal das plataformas digitais. O alerta está dado.