O peso do desestímulo no trabalho
Falta de estímulo, de desafios, de perspectiva. É quando o trabalho se resume a tarefas repetitivas, sem espaço para crescimento, até que a motivação começa a desaparecer. É o chamado rust out.
Por Ana Beatriz Leal
Se tem uma queixa presente em quase todo ambiente de trabalho é o desgaste emocional. Atualmente muito se fala sobre a síndrome de burnout, uma exaustão extrema, física e mental, que aparece quando o estresse crônico não é administrado.
No outro extremo, um fenômeno também perigoso que acontece não pelo excesso, mas pela ausência. Falta de estímulo, de desafios, de perspectiva. É quando o trabalho se resume a tarefas repetitivas, sem espaço para crescimento, até que a motivação começa a desaparecer. É o chamado rust out.
Apesar de no início passar a ideia de ser confortável, por ter menos pressão e previsibilidade, a longo prazo, a monotonia se transforma em apatia e procrastinação. Isto costuma acontecer quando a empresa valoriza mais o cumprimento de metas do que o desenvolvimento humano. O trabalhador se sente invisível e substituível, apenas uma peça.
Para quem sofre com burnout, o rust out pode até parecer um sonho. Mas, viver sem desafios é como estar em um barco à deriva, sem direção. O empregado funciona no piloto automático. Em ambos os casos, há uma convergência. A lógica do mercado que mede sucesso por produtividade.
Há ainda uma semelhança do rust out com o chamado quiet quitting, que é a “demissão silenciosa”. Neste caso, o funcionário não deixa o emprego, mas se desliga emocionalmente dele, fazendo apenas o básico, sobretudo por não encontrar o reconhecimento profissional esperado.