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Tortura e execução em via pública

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, aborda a execução de um jovem suspeito de ter furtado um celular no centro de São Paulo.

Mais um caso chocante aconteceu dia 25/04/23, quando Christopher Rodrigues de 27 anos, motorista de aplicativo, assassinou o jovem Matheus Campos da Silva de 21 anos, suspeito de ter furtado um celular avaliado em R$ 800,00, no centro de São Paulo.  Além de atropelar com o veículo Ford Ka o jovem que ficou agonizando embaixo do carro, ainda foi para as redes sociais comemorar o assassinato.


Torturado e assassinado, o jovem de 21 anos não tinha antecedentes criminais e sequer ficou provado que ele furtou o celular.  Por outro lado, o assassino contou com a conivência de agentes da segurança pública.


Segundo a Folha de São Paulo do dia 30/04/23, “o atropelador diz que, mesmo suplicado por transeuntes, dentre eles os "direitos humanos", não tiraria seu veículo de cima do jovem. "Não posso tirar o carro, né? Senão o cara foge", declarou. Depois, é possível ver Rodrigues questionando a um agente se seria preso e sendo tranquilizado.”


Ao comemorar o assassinato, Rodrigues aparece nas redes sociais dizendo “Menos um fazendo L”, debocha também ao dizer que dessa vez não haveria cervejinha ou picanha para o jovem assassinado, além disso comemorou o fato do plantonista da 78ª Delegacia, não ter registrado sequer como homicídio culposo, o caso foi registrado como como furto e morte suspeita ou acidental.


O assassino seguindo uma lógica bolsonarista, torturou e assassinou um jovem de 21 anos suspeito de ter roubado um celular de uma outra pessoa e dessa forma ele próprio julgou e executou uma pessoa, dentro da prática nazista de eliminar o diferente. No caso ele partiu do pressuposto que o jovem era eleitor de Lula e com isso comemorou a eliminação de mais “inimigo”.


O símbolo da extrema direita é a morte, do outro, do adversário, do diferente, a marca eleitoral da campanha de Bolsonaro em 2018 que resultou na sua eleição, foi fazer arminha com a mão, depois no governo desenvolveu uma política de proliferação de armas de fogo, de fake News e de ódio, assim as ideias nazifascistas foram se espalhando e se transformando em atos concretos. 


A derrota eleitoral do projeto da extrema direita em 2022 significou um alívio para a população, mas suas consequências continuam ameaçando a democracia e os direitos humanos. É preciso barrar a barbárie e voltar a civilização.


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ