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Adoção de Animais: amor e responsabilidade

Daniela Cathalá, fala sobre o abandono de animais.

Se você já presenciou uma mulher parando o trânsito, em meio aos carros, pelas ruas de Salvador e adjacências para resgatar animais, é bem provavelmente que tenha sido eu essa pessoa. 

 

 

Já parei os carros na Estrada do Coco. Já corri pela Avenida Paralela. Já parei o trânsito em Stella Maris e no Vale do Canela. Tudo isso para resgatar, e, quando possível, destinar esses cães e gatos para adoção. 

 

 

Adotar um animal é muito mais do que oferecer um lar - é salvar uma vida e transformar outra, a do tutor ou mãe/pai de pet. A adoção é um gesto de empatia, cidadania e amor, que contribui diretamente para o bem-estar coletivo. Mas os benefícios não param por aí: quem adota também recebe amor incondicional, companhia e, muitas vezes, um impulso essencial para vencer momentos difíceis.

 

 

Diversos estudos científicos já demonstraram os efeitos terapêuticos da convivência com animais. Pessoas que sofrem de depressão, ansiedade ou solidão encontram nos pets uma fonte diária de afeto e estrutura emocional. Um cachorro que abana o rabo e pula de felicidade ao ver você chegar ou um gato que se aconchega no seu colo “amassando pão” - quem é gateiro sabe a referência -, pode ser o suficiente para devolver a alegria em dias mais tensos. A presença de um animal reduz os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e pode até melhorar a pressão arterial. Em lares com crianças, estimula-se o senso de responsabilidade e respeito à vida.

 

 

Apesar disso, o abandono e os maus-tratos ainda são uma triste realidade. De acordo com a pesquisa “Índice de Abandono Animal”, da Mars Petcare, realizada em 2024, existem cerca de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, sendo 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. 

 

 

Felizmente, a legislação brasileira tem avançado: a Lei nº 14.064/2020 aumentou a pena para quem maltrata cães e gatos, que agora pode chegar a até cinco anos de reclusão, além de multa e proibição de guarda. A lei é um marco, mas precisa ser aplicada com rigor e apoio da sociedade. Denunciar maus-tratos é um dever de todos nós.

 

 

Por outro lado, políticas públicas mais efetivas são urgentes. É preciso ampliar programas de castração gratuita, campanhas de conscientização sobre a posse responsável e de incentivo à adoção. Municípios devem contar com clínicas veterinárias públicas, centros de acolhimento e feiras de adoção permanentes. A educação ambiental nas escolas também pode formar uma geração mais sensível e responsável com os animais.

 

 

Adotar é um ato de amor e compromisso. Os animais nos ensinam diariamente sobre lealdade, paciência e gratidão. Eles não precisam de muito: apenas de cuidado, respeito e uma chance de recomeçar. E, em troca, oferecem algo raro e poderoso: um amor que cura.

 


Daniela Cathalá é ativista da causa animal