Home
>
Artigos

As redes sociais e a extrema direita

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes, aborda as contribuição das redes sociais nas eleições da Argentina, que elegeu o candidato da extrema direita Javier Milei.

As eleições da Argentina, elegendo um candidato da extrema direita, no pleito ocorrido domingo, Javier Milei, contou com contribuição das redes sociais, assim como a eleição de Bolsonaro no Brasil, em 2018, de Trump, nos Estados Unidos, em 2017. A nova tecnologia nos tempos atuais serve muito mais para alimentar o ódio, o racismo, a discriminação e o fortalecimento de grupos extremistas, alimentando o lucro estratosférico dos donos da big techs, do que para beneficiar a sociedade.


Ao registrar este fenômeno, não significa defender posição ludista, movimento que ocorreu na Inglaterra por ocasião da revolução industrial e que consistia na destruição das máquinas, onde a classe trabalhadora se encontrava em situação de miséria e considerava o avanço tecnológico responsável pela situação. Nada contra as novas tecnologias, o problema está em quem controla as ferramentas.


As novas tecnologias são fundamentais para o desenvolvimento humano. Entretanto, atualmente são controladas por quem se preocupa apenas com o lucro, como no caso das redes sociais, cujo efeito é devastador para a sociedade. Max Fisher, no livro A máquina do caos: Como as redes sociais reprogramaram nossa mente e nosso mundo, faz uma análise importante sobre o fenômeno.


Para Max, “a tecnologia das redes sociais exerce força de atração tão poderosa na nossa psicologia e na nossa identidade, e é tão predominante na nossa vida, que transforma o jeito como pensamos, como nos comportamos e como nos relacionamos”. Assim, os donos das tecnologias, controlam o perfil psicológico dos usuários, direcionando para seus objetivos, pouco importa se o fato vai provocar ódio, destruição e morte.


Todos que defendem a democracia e a justiça social precisam abraçar a luta para coibir as ações criminosas estimuladas pelos controladores das redes sociais. É preciso uma regulamentação urgente, para coibir os crimes cometidos na internet, que não tem nada a ver com liberdade de expressão. As tecnologias devem servir para reduzir a jornada de trabalho, as desigualdades sociais e a melhoria de vida das populações e não para provocar o caos social.
 

*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ