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De Davi a Golias

No artigo, Carlos Pronzato fala sobre genocídio do povo palestino.

Qual a justificativa que uma sociedade, pretensamente humana, tem para bater palmas diante do pavoroso espetáculo do genocídio do povo palestino a mãos do Estado de Israel com o aberto, descarado e criminoso respaldo da única nação do mundo que até o presente momento na história da humanidade jogou bombas atômicas sobre outros povos? Hiroshima e Nagasaki, em  1945. O único país no mundo que não possui um nome, apenas constituindo uma reunião de Estados que desde a sua criação nunca cessou de se apropriar de territórios alheios e de apoiar crimes de lesa humanidade como o que leva a cabo o Exército terrorista de Netanyahu em território árabe ou até a recente provocação à Federação Russa em 2022, apoiando, armando e utilizando a Ucrânia como marionete para estender os domínios da Otan - sob o seu controle - na Europa Oriental.

 

 

Dias atrás um exército do mundo árabe, o do Irã, entrou no conflito - sua usina nuclear foi atacada violando a Carta da ONU - e diante da surpresa geral da torcida do império estadunidense, sempre sedenta de sangue estrangeiro, mísseis explodiram em Tel Aviv e outras cidades deste país. A reação iraniana mostra que, além da agressão recebida no seu próprio país, a carnificina de crianças e anciãos em Gaza terá uma longa resposta (além daqueles que já romperam relações com o governo de um povo “que já foi Davi e hoje é Golias").

 

 

Então, qual a justificativa? Aqueles que festejaram o retorno de Trump, responderão sem se ruborizar: o combate da democracia contra a tirania, o mundo livre contra as ditaduras, o livre mercado contra o estatismo, o universo judeu cristão e protestante contra o muçulmano e tantas outras maneiras, não declaradas nessa lista, de justificar o injustificável, como a persistência do racismo imposta ao Sul global como método, ratificando a gritante hipocrisia de um amplo setor da sociedade.

 

 

O midiático espetáculo de morte que hoje assistimos comodamente em um sofá, minutos a minuto como num jogo de play station em todos os suportes informativos possíveis, parece não ter a força suficiente da única verdade, o contínuo lucro capitalista em cima de milhões de cadáveres, que devemos  extrair do escabroso conjunto de mutilados, feridos e mortos neste massacre calculado de extermínio, que com tréguas e tratados de paz nunca concretizados, se mantém ininterruptamente desde 1948, início da Nakba, a Catástrofe, a limpeza étnica dos árabes da Palestina.

 

 

Hoje somos arrastados pelos EUA, o país das guerras infinitas, o principal inimigo da paz, a uma iminente Terceira Guerra Mundial. São 77 anos de invasão (1948 - 2025) que não conseguiram imprimir na totalidade da sensibilidade humana um grito coletivo, uníssono e unânime: basta!

 

 

*Carlos Pronzato é cineasta, diretor teatral, poeta e escritor. Sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). [email protected]