PL do veneno: Brasil não pode aceitar

Além de comprometer a saúde de milhões de brasileiros, o projeto de lei contraria a agenda verde do governo e a transição ecológica na agricultura, pois prioriza um modelo tóxico e insustentável de produção de alimentos. O PL autoriza o uso, inclusive, de pesticidas cancerígenos.   

Se quiser realmente protagonizar uma mudança no cuidado com o meio ambiente, durante a COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que acontece até o dia 12, em Dubai, o presidente Lula precisa vetar o PL do Veneno, aprovado recentemente pelo Senado.


Além de comprometer a saúde de milhões de brasileiros, o projeto de lei contraria a agenda verde do governo e a transição ecológica na agricultura, pois prioriza um modelo tóxico e insustentável de produção de alimentos. O PL autoriza o uso, inclusive, de pesticidas cancerígenos.   


Importante lembrar que nos quatro anos de governo Bolsonaro, quando o uso de agrotóxicos explodiu, 14.546 cidadãos foram intoxicados no país e 439 morreram. Entre 2019 e 2022 foram liberados 2.182 produtos nocivos, o maior número para uma gestão presidencial, segundo o Ministério da Agricultura.


Não para por aí. O aumento do diagnóstico de câncer pode estar associado aos pesticidas. Estudo feito pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 2022, mostrou que 30% dos agrotóxicos aplicados de avião em plantações de cana-de-açúcar na região de São Paulo têm associação ao desenvolvimento de câncer.


A pesquisa alerta que essa pode ser uma das explicações para o alto índice da doença nestes locais. Com uma área plantada superior ao estado da Paraíba, a cana paulista abastece os mercados nacional e internacional de açúcar e etanol.