Jornada de 6 dias tira a dignidade

Especialistas consideram a redução da jornada uma medida necessária e urgente. Os limites constitucionais máximos de 8 horas diárias e de 44 horas semanais, determinados na CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), deveriam ser “tetos máximos” protetores, mas se tornaram “pisos mínimos” para grande parte dos trabalhadores. 

Por Angélica Alves

É nítido que a escala 6x1 – quando o cidadão trabalha seis dias e folga um - é incapaz de manter a dignidade do trabalhador, que enfrenta longos períodos de deslocamento, pouco tempo para descanso e lazer, sobreposição de tarefas domésticas e cuidados familiares, salários baixos e até condições precárias de trabalho e direitos ignorados. 


Especialistas consideram a redução da jornada uma medida necessária e urgente. Os limites constitucionais máximos de 8 horas diárias e de 44 horas semanais, determinados na CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), deveriam ser “tetos máximos” protetores, mas se tornaram “pisos mínimos” para grande parte dos trabalhadores. 


As cargas abusivamente extensas são a raiz do aumento do adoecimento físico e mental. Por outro lado, os modelos de gestão baseados no assédio também contribuem para o agravamento da desumanização. Os bancários sabem bem como funciona a cobrança por resultados e metas abusivas. 


Mais de 30 milhões de brasileiros têm formalmente a escala 6x1, o que equivale a 65% dos contratos vigentes. Considerando a informação, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que 75% das pessoas têm jornadas de 40 horas ou mais.