Desigualdade até no consumo

Muita gente não sabe. Mas, se o cidadão quiser pegar um produto na prateleira do mercado ou da loja na cor rosa, é melhor preparar o bolso. O item para mulher é sempre mais caro.  

Por Camilly Oliveira

Muita gente não sabe. Mas, se o cidadão quiser pegar um produto na prateleira do mercado ou da loja na cor rosa, é melhor preparar o bolso. O item para mulher é sempre mais caro.  

 


Taxa rosa, ou imposto rosa, surgiu nos Estados Unidos no início dos anos 1990, mas chegou ao conhecimento do público geral em 2015, quando um relatório oficial mostrou que produtos voltados ao público feminino custam, em média, 7% a mais do que os mesmos equivalentes masculinos. Os dados são do Departamento de Assuntos do Consumidor de Nova York.

 


É a desigualdade silenciosa do consumo ultraliberal mostrando a verdadeira face. A mulher é a penalizada pelo mercado, são questões estruturais e culturais que começam na infância, a escova de dente é mais cara, as roupas e até os preços das bonecas são mais elevados do que os dos carrinhos. 

 


No Brasil, uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) identificou que 28% dos produtos têm valores mais altos nas versões destinadas ao público feminino, então as mulheres trabalham mais, porque fazem trabalho doméstico e de cuidado não remunerado, ganham menos, e pagam mais caro pelos mesmos produtos. 

 


A publicidade também reforça estereótipos que associam o público feminino à fragilidade, culto à beleza e ao cuidado. A taxa rosa é reflexo de um comportamento de mercado que coloca a mulher historicamente como associada ao consumo de itens considerados supérfluos, cobrando assim mais caro.