Desmatamento e o “efeito sanfona”
Dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que abril registrou aumento de 55% nos alertas de desmatamento na Amazônia, em comparação com o mesmo mês de 2024. O crescimento sinaliza uma preocupante reversão na tendência de queda e evidencia a fragilidade das ações de combate à devastação ambiental.
Por Julia Portela
Dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que abril registrou aumento de 55% nos alertas de desmatamento na Amazônia, em comparação com o mesmo mês de 2024. O crescimento sinaliza uma preocupante reversão na tendência de queda e evidencia a fragilidade das ações de combate à devastação ambiental.
Embora o governo federal tenha adotado medidas para conter o desmatamento, é ilusório acreditar que seja possível preservar a floresta com o modelo predatório do ultraliberalismo. A lógica do lucro não se sustenta na preservação, mas na extração devastadora. O agronegócio e o garimpo ilegal, muitas vezes aliados ao crime organizado, avançam sobre a floresta movidos por interesses financeiros — e não recuam.
A oscilação nos índices de desmatamento é reflexo de um sistema que tolera e, em muitos casos, estimula a devastação. Ainda que existam esforços por parte do Estado e resistência por parte da sociedade civil e dos povos da floresta, o modelo dominante sabota qualquer tentativa real de mudança. O chamado “efeito sanfona” — o vai e vem das taxas de preservação — é um sintoma de que o problema é estrutural.
A crise ambiental não dá trégua. Mesmo quando os passos parecem silenciosos, os impactos são profundos e duradouros. Somente com a ruptura desse modelo explorador será possível construir uma política ambiental de fato soberana, popular e comprometida com a vida.