Olhar atento ao adoecimento mental familiar

O ambiente emocional da casa tem interferência direta na saúde física, relacionamentos e a capacidade de reagir a doenças. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma em cada quatro pessoas terá algum transtorno psicológico ao longo da vida e cerca de 50% dos problemas de saúde mental começam antes dos 14 anos.

Por Ana Beatriz Leal

Acordar extremamente cansado e permanecer assim durante todo o dia, nervos à flor da pele a ponto de se estressar com qualquer coisa, crianças com mudanças de humor e comportamento, adolescentes que se isolam no quarto. Há quem pense que são apenas fases ou “coisa de momento”, mas, na verdade, podem ser sinais de sofrimento emocional familiar. 
 

O ambiente emocional da casa tem interferência direta na saúde física, relacionamentos e a capacidade de reagir a doenças. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma em cada quatro pessoas terá algum transtorno psicológico ao longo da vida e cerca de 50% dos problemas de saúde mental começam antes dos 14 anos. O Brasil, inclusive, figura no topo de rankings mundiais de ansiedade e depressão. 
 

É preciso olhar para dentro, e neste caso não é observar a si próprio, mas o lar onde se vive. A família é o primeiro ambiente de formação emocional, onde são desenvolvidos os padrões de comunicação, os mecanismos e estratégias para lidar com problemas e a capacidade de reconhecer emoções. 
 

O adoecimento emocional de uma família causa repercussão em todos os outros, desde uma mãe com depressão pós-parto, um adolescente ansioso ou um idoso em isolamento social. 
 

É preciso, portanto, apesar da rotina corrida que a sociedade impõe, se atentar aos sinais. Nas crianças, agressividade incomum, apatia, regressões e medos excessivos merecem alerta. Assim como desinteresse por atividades antes prazerosas e queda no rendimento escolar, no caso dos adolescentes.
 

Em adultos, sintomas como dificuldade de concentração, alterações no apetite e sono, abuso de álcool ou medicamentos e autoexigência excessiva precisam de cuidado. Nos idosos, atenção para o descuido com higiene pessoal ou alimentação, queixas físicas sem causa médica, tristeza constante e dificuldade para lembrar compromissos simples.  
 

Se os sinais foram detectados, o ideal é fazer primeiramente uma escuta ativa e sem julgamentos, criar um espaço seguro, validar o sentimento e buscar apoio profissional.