Empreendedor sênior: velhice sem descanso

A alta de empreendedores idosos, em muitos casos, é resultado da necessidade imposta pela falta de proteção ao trabalhador na velhice.

Por Julia Portela

O Brasil encerrou o último ano com crescimento no número de empreendedores com 60 anos ou mais. A faixa etária representa 14,3% do total de donos de negócio no país, segundo o Sebrae. Embora os dados apontem para um avanço no protagonismo das pessoas idosas na economia, mascaram o desmonte da seguridade social, sobretudo depois da reforma da Previdência de Temer, em 2019.

 

 

O sistema ultraliberal comemora o crescimento como se fosse um troféu, apresentando-o como símbolo de autonomia e dinamismo. No entanto, a realidade é mais dura: a alta de empreendedores idosos, em muitos casos, é resultado da necessidade imposta pela falta de proteção ao trabalhador na velhice.

 

 

Romantizar o chamado "empreendedorismo sênior" é um eufemismo da precarização. Em vez de usufruírem dos frutos de uma vida inteira de trabalho, muitos são forçados a seguir na ativa para garantir o sustento.

 

 

O Sindicato dos Bancários entende a importância de trazer o debate à luz e mantém um departamento, de Aposentação, sempre atuante para conversar e debater com os aposentados. A entidade entende que, sim, há uma vitória no reconhecimento do protagonismo da população idosa. Mas é preciso ir além: denunciar os ataques à Previdência, que dificultam o acesso à aposentadoria digna.