Empreender no Brasil é sobreviver ao fracasso do Estado

No Brasil, o empreendedorismo não é escolha, mas desespero disfarçado de oportunidade. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor, 33,4% da população brasileira está envolvida com algum tipo de negócio. São mais de 47 milhões de pessoas empurradas para a informalidade, muitas sem direitos, proteção ou renda mínima. A maior parte destes negócios nasce por necessidade, não por vocação. 

Por Camilly Oliveira

Vender bolo no sinal, fazer unha em casa, costurar para fora, ou abrir uma loja online sem estrutura não é sinal de liberdade econômica. É reflexo direto do desmonte das políticas públicas, do desemprego estrutural e da informalidade que engole quem foi expulso do mercado formal.

 


No Brasil, o empreendedorismo não é escolha, mas desespero disfarçado de oportunidade. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor, 33,4% da população brasileira está envolvida com algum tipo de negócio. São mais de 47 milhões de pessoas empurradas para a informalidade, muitas sem direitos, proteção ou renda mínima. A maior parte destes negócios nasce por necessidade, não por vocação. 

 


Os dados do Sebrae mostram que 11,6 milhões são MEIs (Microempreendedores Individuais), com teto de faturamento de R$ 81 mil por ano, valor este que mal cobre o custo de vida nas grandes cidades. Os outros 10 milhões de negócios formais estão, em sua maioria, nas franjas da economia, sem acesso a crédito, tecnologia ou escala. 

 


Por trás da propaganda do “país dos empreendedores” existe um modelo criado pelo ultraliberalismo que transfere para o indivíduo a responsabilidade por gerar renda, pagar impostos e sobreviver à própria sorte.

 


Enquanto isto, o Estado desmonta a rede de proteção social, empurra milhões para a uberização e normaliza a precariedade como se fosse inovação. No Brasil, empreender virou sinônimo de resistir à falência da dignidade.