Saúde juvenil em colapso

O estudo da segunda comissão da Lancet projeta que, em apenas seis anos, 464 milhões de jovens carregarão o peso literal e simbólico do excesso: 143 milhões a mais do que em 2015. A saúde mental vai no mesmo caminho, com 42 milhões afundados em depressão e ansiedade. Na mesma engrenagem, a anemia afetará um terço, resultado da má nutrição fomentada pela indústria que lucra com o excesso e a carência ao mesmo tempo.

Por Camilly Oliveira

A engrenagem do ultraliberalismo avança, e transfigura corpos e mentes em reféns do consumo desenfreado. A explosão da obesidade e dos transtornos mentais entre adolescentes é resultado direto de um modelo econômico que transforma comida em veneno e o sofrimento psíquico em estatística. Não é biologia, é política.

 


O estudo da segunda comissão da Lancet projeta que, em apenas seis anos, 464 milhões de jovens carregarão o peso literal e simbólico do excesso: 143 milhões a mais do que em 2015. A saúde mental vai no mesmo caminho, com 42 milhões afundados em depressão e ansiedade. Na mesma engrenagem, a anemia afetará um terço, resultado da má nutrição fomentada pela indústria que lucra com o excesso e a carência ao mesmo tempo.

 


A pesquisa escancara a perversidade: adolescentes negros e pobres, especialmente em países do Sul Global, sustentam a maior parte das doenças, mas são eles que recebem as migalhas dos investimentos em saúde. São 1,1 bilhão de jovens largados à própria sorte, em territórios onde o ultraliberalismo mata com fome, obesidade e desesperança.

 


No Brasil, o cenário é idêntico. Negros e pobres enfrentam mais barreiras para acessar saúde enquanto são alvos prioritários da indústria alimentícia e dos algoritmos que alimentam o adoecimento mental. O colapso anunciado para 2030 não é um acaso, mas o saldo previsível de um projeto que sempre colocou o lucro acima da vida.