O sofrimento psicológico tem cor
Dados do Ministério da Saúde mostram que o índice de suicídio entre adolescentes e jovens negros no Brasil é 45% maior do que entre brancos. Nos últimos anos, o risco de tirar a própria vida aumentou 12% entre a população negra, enquanto se manteve estável entre os brancos.
Por Ana Beatriz Leal
O Brasil tem testemunhado o triste aumento nos casos de racismo e no acirramento do discurso de ódio. O episódio de discriminação racial contra uma estudante negra do Colégio Mackenzie, em São Paulo, torturada por colegas, serve para reacender o debate sobre a saúde mental da população negra e reafirmar que o sofrimento psicológico tem cor.
A principal causa para a maior vulnerabilidade da população negra está diretamente relacionada ao racismo estrutural. Nem sempre as manifestações são explícitas, mas estão enraizadas nas instituições, no sistema educacional, no mercado de trabalho, na política e até no sistema de saúde. Além de muitas vezes custar a vida, o impacto do problema é psicológico e, em alguns casos, irreversíveis.
Dados do Ministério da Saúde mostram que o índice de suicídio entre adolescentes e jovens negros no Brasil é 45% maior do que entre brancos. Nos últimos anos, o risco de tirar a própria vida aumentou 12% entre a população negra, enquanto se manteve estável entre os brancos.
Entre as pessoas negras, são os jovens de 10 a 29 anos os mais afetados, principalmente do sexo masculino, que apresenta uma probabilidade 50% maior de cometer suicídio quando comparado aos brancos da mesma faixa etária. Números que refletem uma história marcada pela marginalização, discriminação racial e pela constante luta por reconhecimento e dignidade.