Microplásticos: a conta invisível do lucro sujo
O plástico é um dos produtos mais lucrativos da indústria global. Investir em alternativas sustentáveis, reduzir o consumo ou reformular linhas de produção é considerado um “retrocesso” pelos que defendem o ultraliberalismo a qualquer custo.
Por Julia Portela
Os microplásticos, fragmentos de plástico com menos de 5 milímetros, são uma das maiores ameaças ao planeta e à saúde humana. Estão em tudo: na água de beber, no ar, nos alimentos e até no sangue e nos órgãos do corpo.
Isso acontece porque o plástico, altamente resistente, leva centenas de anos para se decompor. À medida que o consumo desenfreado de produtos descartáveis aumenta, incentivado pela lógica do lucro e da obsolescência programada, o planeta se vê coberto por partículas invisíveis, mas extremamente nocivas.
Pesquisas iniciais já relacionam microplásticos a partos prematuros, inflamações, doenças cardiovasculares e até câncer. Muitos contêm substâncias como PFAS, bisfenol A e ftalatos, todos quimicamente tóxicos, com potencial para causar sérios danos à saúde, especialmente ao sistema endócrino e hormonal.
E não para por aí: o impacto ambiental é devastador. Ecossistemas marinhos inteiros, como peixes e corais, são sufocados por essa “chuva invisível” de resíduos plásticos. O ciclo da destruição está armado: o plástico entra na cadeia alimentar e, no fim, recai sobre os corpos humanos, especialmente os mais vulneráveis.
O capital não se importa
O plástico é um dos produtos mais lucrativos da indústria global. Investir em alternativas sustentáveis, reduzir o consumo ou reformular linhas de produção é considerado um “retrocesso” pelos que defendem o ultraliberalismo a qualquer custo. Mesmo que esse custo seja a vida.
Não há saída ecológica possível dentro de um sistema que transforma tudo em mercadoria, inclusive o planeta. A luta ambiental precisa estar atrelada à luta por justiça social e econômica. Romper com essa lógica predatória que lucra enquanto adoece é prioridade.