Crise de solidão, reflexo do modelo capitalista

O cenário não pode ser tratado como um problema individual. A solidão é consequência direta de um modelo de sociedade neoliberal, que prioriza o lucro acima da vida, estimula o individualismo e destrói os espaços de convivência coletiva. A lógica da produtividade extrema, a precarização do trabalho e a falta de tempo para viver e não sobreviver apenas, afastam as pessoas umas das outras e adoecem a sociedade. 

Por Julia Portela

Um relatório recém-lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para os impactos severos da desconexão social na saúde mental e física das pessoas. Segundo a estimativa, mais de 871 mil mortes por ano estão relacionadas à solidão, um número alarmante que coloca o tema no centro das preocupações da saúde pública global.

 


Divulgado em Genebra pela Comissão da OMS sobre Conexão Social, o estudo revela que uma em cada seis pessoas no mundo se sente solitária. A situação é ainda mais crítica entre adolescentes e em países de baixa e média renda. Entre jovens de 13 a 29 anos, de 17% a 21% relatam sofrer com a solidão. Já nas regiões mais pobres, o índice chega a 24%, o dobro dos 11% registrados em países ricos.

 


O cenário não pode ser tratado como um problema individual. A solidão é consequência direta de um modelo de sociedade neoliberal, que prioriza o lucro acima da vida, estimula o individualismo e destrói os espaços de convivência coletiva. A lógica da produtividade extrema, a precarização do trabalho e a falta de tempo para viver e não sobreviver apenas, afastam as pessoas umas das outras e adoecem a sociedade.