Adoecimento social: a verdade por trás das rotinas perfeitas

Nas redes sociais, a vida idealizada é vendida como padrão, enquanto o mercado impõe rotinas exaustivas, metas inalcançáveis e uma cultura de produtividade tóxica.

Por Julia Portela

A busca incessante pela perfeição deixou de ser uma questão individual e passou a ser um problema coletivo. Nas redes sociais, a vida idealizada é vendida como padrão, enquanto o mercado impõe rotinas exaustivas, metas inalcançáveis e uma cultura de produtividade tóxica.
 

Este modelo, travestido de evolução e modernidade, é, na verdade, uma engrenagem do sistema ultraliberal que transforma a vida em desempenho constante.
 

A falsa ideia de que estamos perseguindo “melhoria pessoal” esconde uma lógica perversa: o avanço não é do trabalhador, é do capital. O discurso da alta performance não é libertador, é opressor. Individualiza os fracassos e responsabiliza o trabalhador pelo próprio adoecimento, quando, na realidade, é o sistema que adoece.
 

A ansiedade, a exaustão e os quadros de depressão não são desvios, são consequências diretas da lógica neoliberal aplicada ao trabalho e à vida.
 

No sistema financeiro, esta lógica é evidente. As instituições financeiras aumentam metas de forma abusiva, pressionam seus funcionários com vigilância constante e não assumem responsabilidade sobre os impactos na saúde mental. O lucro é o único fim, e o sofrimento dos trabalhadores é normalizado como parte do processo. A cobrança é disfarçada de meritocracia, e o adoecimento se torna parte da “rotina ideal”.
 

É urgente romper com esta lógica perversa. A perfeição vendida pelo sistema é um mecanismo de controle, que transforma pessoas em máquinas e esconde o verdadeiro problema: a exploração institucionalizada. O que precisamos não é de alta performance, é de condições dignas, limites saudáveis e trabalho com humanidade.