Desmatamento avança: a floresta segue vítima da lógica do lucro
Esta destruição não acontece por acaso. É resultado direto de um modelo ultraliberal que alimenta o garimpo ilegal, a grilagem de terras e um agronegócio predatório, que lucra devastando biomas e expulsando populações camponesas, indígenas e ribeirinhas.
Por Julia Portela
No primeiro semestre de 2025, os alertas de desmatamento na Amazônia cresceram 27% em relação ao mesmo período de 2024, saltando de 1.644,9 km² para 2.090,3 km², segundo dados do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real/Inpe).
No Cerrado, apesar de uma queda de 11% no desmate, os números seguem alarmantes: foram destruídos mais de 3.300 km² apenas neste ano.
Esta destruição não acontece por acaso. É resultado direto de um modelo ultraliberal que alimenta o garimpo ilegal, a grilagem de terras e um agronegócio predatório, que lucra devastando biomas e expulsando populações camponesas, indígenas e ribeirinhas.
A floresta, para as elites, não é vida, é mercadoria. E enquanto os mais ricos lucram com a devastação, o povo paga a conta com seca, enchentes, insegurança alimentar e doenças.
O governo Lula, com Marina Silva à frente do Ministério do Meio Ambiente, retomou a fiscalização que havia sido desmontada por Bolsonaro e aliados ruralistas.
Mas a luta é desigual: os interesses bilionários seguem atuando dentro e fora do Congresso para manter a destruição como política de Estado. Mesmo com avanços, não há preservação possível sem romper com a lógica de que o capital vale mais do que a vida.
O desmatamento é mais do que um problema ambiental, é uma questão de classe, de soberania e de justiça social. A proteção da Amazônia e do Cerrado é também a defesa de um projeto de país onde o território, a água, o ar e a biodiversidade pertençam ao povo, e não às elites que transformam tudo em lucro. Preservar a floresta é salvar o futuro da classe trabalhadora.