Estética do lucro e os transtornos alimentares

Apesar de frequentemente associados aos jovens, os transtornos alimentares acometem pessoas em todas as fases da vida com riscos agravados pelo tempo. Mulheres, sobretudo, são alvo constante da cultura da magreza imposta pelo sistema.

Por Julia Portela

Em um sistema que lucra com a insatisfação, não é surpresa que os corpos estejam adoecendo. Os transtornos alimentares, cada vez mais comuns em diferentes faixas etárias, são consequência direta de uma sociedade que cobra produtividade no trabalho e perfeição na aparência. A lógica desumana transforma saúde em meta estética, corpo em vitrine e sofrimento em rotina.

 

Apesar de frequentemente associados aos jovens, os transtornos alimentares acometem pessoas em todas as fases da vida com riscos agravados pelo tempo. Mulheres, sobretudo, são alvo constante da cultura da magreza imposta pelo sistema. A menopausa, a reestruturação familiar e a sobrecarga profissional são apenas alguns dos gatilhos que agravam um problema coletivo.

 

A estética vendida como ideal não nasce da busca por bem-estar, mas de uma lógica de mercado que transforma a aparência em combustível. No ambiente corporativo, a exigência por produtividade anda lado a lado com a cobrança por um corpo “adequado” o que, na prática, significa mais opressão. Corpos magros e exaustos se tornam sinônimo de disciplina e competência, enquanto saúde real é deixada de lado.