Do plenário à rua, a luta é coletiva
A audiência pública realizada nesta sexta-feira (15/08), na Alba (Assembleia Legislativa da Bahia), colocou o sistema financeiro face a face com a sociedade. Bradesco, Itaú e Santander foram denunciados por práticas que vão além de ataques à categoria bancária: desmontam serviços cruciais e aprofundam a exclusão social.
Por Camilly Oliveira
A audiência pública realizada nesta sexta-feira (15/08), na Alba (Assembleia Legislativa da Bahia), colocou o sistema financeiro face a face com a sociedade. Bradesco, Itaú e Santander foram denunciados por práticas que vão além de ataques à categoria bancária: desmontam serviços cruciais e aprofundam a exclusão social.
Representantes de sindicatos de várias regiões, do Procon, da ABAT (Associação Baiana de Advogados Trabalhistas) e do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) estiveram presentes, mostrando que a luta pela preservação de direitos não pode se limitar ao ambiente sindical, mas é de questão de interesse público e precisa ser compreendida pela população como um todo.
O deputado estadual Bobô (PCdoB) ressaltou que o fechamento de agências, as demissões e a recontratação via pessoa jurídica têm destruído direitos históricos e aumentado o adoecimento da categoria. Para ele, “a audiência dá visibilidade a um problema que não está restrito ao interior das agências. Impacta diretamente comunidades inteiras, forçadas a viajar quilômetros para acessar serviços bancários básicos. O poder legislativo está assumindo o papel de amplificar a denúncia e criar caminhos para o enfrentamento”.
O presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Elder Perez, destacou que a entidade e a audiência cumprem papel estratégico ao extrapolar os limites do corporativo, levando a pauta para todos os setores da sociedade. Em muitos municípios, a única agência fecha e deixa idosos, trabalhadores sem acesso digital e famílias inteiras sem atendimento.
Para ele, “a falta de responsabilidade social dos bancos obriga o Sindicato a dialogar com entidades civis e órgãos públicos, transformando uma luta de categoria em causa coletiva. Ao comunicar diretamente com a população, a audiência fortalece a percepção de que o ataque aos bancários é também um ataque ao direito básico de acesso a serviços financeiros”.
O debate também desmascarou a farsa da “modernização” vendida pelo sistema financeiro. Não há crise para os bancos: há recordes bilionários de lucro e precarização extrema para quem trabalha e para quem depende do serviço.
Desde a reforma trabalhista em 2017 e a liberação da terceirização, surgiram inúmeras fraudes mascaradas de inovação, com corte de postos e direitos. Ao conectar a pauta bancária à vida cotidiana da população, a audiência mostrou que defender os bancários é, antes de tudo, defender a dignidade de toda a sociedade baiana.