Ditadura ainda é celebrada nas ruas do Brasil

Levantamento realizado pela Folha de São Paulo aponta que pelo menos 2.039 ruas têm o nome de algum dos 377 criminosos que constam no relatório da CNV (Comissão Nacional da Verdade). Outras 363 ruas fazem referência a “31 de março”, suposto dia golpe militar, consumado no dia 1º de abril de 1964.

Por Itana Oliveira

O Brasil, que carrega a ditadura militar como uma das maiores vergonhas da História, até hoje preserva as lembranças em homenagem aos torturadores pelas ruas do país. Levantamento realizado pela Folha de São Paulo aponta que pelo menos 2.039 ruas têm o nome de algum dos 377 criminosos que constam no relatório da CNV (Comissão Nacional da Verdade). Outras 363 ruas fazem referência a “31 de março”, suposto dia golpe militar, consumado no dia 1º de abril de 1964.

 

Rio de Janeiro e São Paulo são as cidades com mais endereços ligados ao período, 15 e 14, respectivamente. Manaus e Salvador aparecem em seguida, com 13 e 12 cada. 

 

Quando se trata de regiões, o Nordeste aparece em primeiro, com 705 ruas registradas, seguido de 552 no Sudeste. No ranking dos estados, São Paulo aparece em primeiro lugar com 243, a Bahia fica em segundo com 227. 

 

Entre os homenageados, o ex-presidente Castello Branco é o nome mais homenageado, com 729 endereços, seguido de Arthur da Costa e Silva (310), Emílio Garrastazú Médici (279) e o ministro da Aeronáutica marechal-do-ar Eduardo Gomes (104).

 

Salvador, Rio de Janeiro e Manaus pleiteiam projetos de lei para alterar ou proibir esse tipo de homenagem. No entanto, todos caíram no esquecimento. A Justiça de São Paulo também determinou a alteração nos nomes de 11 locais, a prefeitura recorreu e, o processo, até agora, não saiu do lugar. 

 

A marca sangrenta da ditadura militar no Brasil jamais deve ser esquecida, no entanto, a memória deve ser de repúdio aos torturadores, presidentes e cúmplices desse sistema que provocou a morte e o suplício de tantos indivíduos inocentes, sem nenhuma condenação.