Boi bomba: o agro solta e o planeta sofre

É urgente repensar o modelo de desenvolvimento do Brasil. A defesa ambiental é, acima de tudo, uma luta de classes. Defender a vida, o planeta e a soberania popular é também combater o agronegócio predatório, o capitalismo verde de fachada e as falsas soluções do mercado. Não existe justiça ambiental sem justiça social. 

Por Julia Portela

As emissões de metano no Brasil cresceram 6% entre 2020 e 2023. De acordo com dados divulgados pelo Observatório do Clima, o país lançou 20,8 milhões de toneladas do gás poluente na atmosfera em 2023, superando as 19,6 milhões registradas em 2020. O setor que mais contribuiu para este cenário é, disparadamente, a agropecuária, responsável por cerca de 75% de todo o metano emitido.

 


O principal vilão dentro da agropecuária é a chamada fermentação entérica ou, em linguagem direta, o arroto e o pum do boi. Esses dois processos foram responsáveis pela emissão de 15,7 milhões de toneladas de metano em 2023. Um número alarmante, que escancara o impacto destrutivo do modelo de produção agroexportador baseado na monocultura e na pecuária extensiva. Um modelo que enriquece latifundiários, destrói biomas e empobrece o país.

 


Mas nada disso é novidade para o capital. O sistema já sabe, há muito tempo, dos impactos catastróficos que causa. A verdade é que o capitalismo não tem interesse em mudar a lógica de produção que gera lucro para uma minoria, mesmo ameaçando a vida no planeta. Preservar o meio ambiente não dá retorno na bolsa de valores. O agro coloca o gado, o grão e a grana acima da água, do ar e das pessoas.

 


É urgente repensar o modelo de desenvolvimento do Brasil. A defesa ambiental é, acima de tudo, uma luta de classes. Defender a vida, o planeta e a soberania popular é também combater o agronegócio predatório, o capitalismo verde de fachada e as falsas soluções do mercado. Não existe justiça ambiental sem justiça social.