Da invisibilidade ao direito: a luta dos alunos autistas
O desafio vai além das matriculas. Escolas públicas e privadas ainda não oferecem a preparação adequada. Segundo o Instituto Rodrigo Mendes, 63% dos professores dizem não ter formação específica para lidar com alunos com TEA. A simples presença de mediadores não garante aprendizagem ou pertencimento, é crucial um plano pedagógico individualizado, capacitação permanente e adaptação do ambiente físico e curricular.
Por Camilly Oliveira
O Brasil vive um salto histórico na presença de estudantes com TEA (Transtorno do Espectro Autista) nas escolas. Segundo o Censo Escolar 2024, o número de matrículas cresceu de 41,2 mil em 2015 para 884,4 mil, aumento de mais de 20 vezes. O avanço se dá por conta da redução da subnotificação, com crianças que antes ficavam invisíveis, sem diagnóstico, agora com nome, laudo e direito assegurado. Trata-se de um movimento social que expõe como a falta de políticas públicas, por décadas, manteve famílias reféns da desinformação.
O desafio vai além das matriculas. Escolas públicas e privadas ainda não oferecem a preparação adequada. Segundo o Instituto Rodrigo Mendes, 63% dos professores dizem não ter formação específica para lidar com alunos com TEA. A simples presença de mediadores não garante aprendizagem ou pertencimento, é crucial um plano pedagógico individualizado, capacitação permanente e adaptação do ambiente físico e curricular.
A política educacional que se recusa a enfrentar este debate, muitas vezes sob a lógica do corte de gastos e da precarização do ensino, transfere a responsabilidade para famílias e profissionais despreparados. O crescimento dos diagnósticos não é um problema, mas uma conquista de visibilidade. A escola só será inclusiva quando parar de tratar a criança autista como exceção e assumir, de fato, que a diversidade é a regra.