O agronegócio faz mal ao Brasil e aos brasileiros

A propaganda de que o "agro é pop" oculta a realidade de um modelo baseado na expropriação, na concentração de terras, na exploração da mão de obra e na devastação ambiental. 

Por Júlia Portela

A propaganda do agronegócio fabrica mitos para sustentar uma imagem conveniente ao capital. Ao se apresentar como motor do país, com slogans publicitários como “o agro é pop”, o setor oculta a realidade de um modelo baseado na expropriação, na concentração de terras, na exploração da mão de obra e na devastação ambiental. 


O avanço do agronegócio no Brasil está diretamente ligado aos pilares estruturantes do capitalismo oligárquico: expropriação dos meios de produção, alienação da classe trabalhadora e apropriação privada de bens comuns. A manutenção deste modelo exige uma máquina ideológica poderosa, que transforma injustiças em mérito e destruição em progresso. A propaganda do agro, como símbolo de modernidade, cumpre este papel ao esconder os rastros de violência que sustentam o setor.


Por trás da fachada de “pop” e “tech”, o que existe é um projeto de destruição, que desmata tudo, contamina o solo e os rios com agrotóxicos, expulsa povos originários e comunidades tradicionais de seus territórios, além de precarizar as condições de trabalho no campo. O agronegócio avança à custa da vida de camponeses, quilombolas, quebradeiras de coco, geraizeiros, ribeirinhos e tantos outros que resistem à lógica da mercantilização da terra.


A expansão do capital no campo não ocorre apenas pela força das cercas e dos tratores, pois depende também da alienação. Ao induzir a população a enxergar o agronegócio como símbolo de orgulho nacional, apaga-se o debate sobre soberania alimentar, reforma agrária e justiça social.


A ideologia que sustenta este modelo é tão nociva quanto seus impactos diretos, afinal tenta silenciar quem resiste e impedir qualquer possibilidade de transformação.