Cai a PEC da blindagem

A pressão popular nas ruas e nas redes desestabilizou os planos de avanço silencioso da medida. A resposta veio rápida: diante da repercussão massiva dos protestos realizados em mais de 30 cidades no último domingo (21), o presidente da CCJ acelerou a tramitação, mas teve que reconhecer a força do clamor social.

Por Julia Portela

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou, por unanimidade, a PEC da Blindagem, proposta que escancarava a tentativa de legalizar a impunidade parlamentar e ampliar privilégios para corruptos e golpistas. A decisão enterra o texto regimentalmente, impedindo que avance ao plenário, e representa um duro golpe nas articulações do centrão e da extrema direita.

 


A proposta, já aprovada na Câmara, autorizava que apenas com aval do Congresso, em votação secreta, parlamentares fossem processados criminalmente, um escudo institucional contra a Justiça. Além disso, ampliava o foro privilegiado a presidentes de partidos e exigia votação secreta para autorizar prisões em flagrante de deputados e senadores. Um pacote de blindagem para quem comete crime de terno e gravata.

 


A pressão popular nas ruas e nas redes desestabilizou os planos de avanço silencioso da medida. A resposta veio rápida: diante da repercussão massiva dos protestos realizados em mais de 30 cidades no último domingo (21), o presidente da CCJ acelerou a tramitação, mas teve que reconhecer a força do clamor social. O Senado, acuado, recuou.

 


A PEC da blindagem, rebatizada com razão de PEC da bandidagem, é mais uma tentativa da elite política de proteger seus aliados e manter um sistema de castas dentro do Estado, onde os ricos e poderosos seguem acima da lei. A manobra, que contou com o apoio decisivo de bolsonaristas e setores do centrão, expôs o desespero dos que tentam frear o avanço das investigações contra golpistas e corruptos.