Brasil atinge 200 milhões de cartões de crédito

Embora funcione como um facilitador que permite à população de menor renda acessar bens de alto custo por meio do parcelamento, é inegável que o sistema opera em favor do capital, mantendo os mais pobres sob o domínio dos bancos.

Por Itana Oliveira

Com mais de 200 milhões de cartões de crédito e uma movimentação de R$ 2,8 trilhões em 2024, o uso do cartão atingiu um nível recorde no Brasil, alta de 14,6% em relação ao ano anterior, segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços).

 

Embora funcione como um facilitador que permite à população de menor renda acessar bens de alto custo por meio do parcelamento, é inegável que o sistema opera em favor do capital, mantendo os mais pobres sob o domínio dos bancos.

 

Pesquisa da Fiserv, realizada entre abril e maio do ano passado, apontou que 77% dos consumidores possuem três ou mais cartões ativos no Brasil, onde as taxas de juros do rotativo podem atingir 400% ao ano. Isto significa que, se o trabalhador não conseguir quitar a dívida no período determinado, a conta pode quadruplicar. 

 

Dados do Banco Central mostraram que, ao longo de 2024, os juros médios anuais do rotativo permaneceram em patamares elevadíssimos. Em setembro, por exemplo, a taxa média atingiu 438,4% ao ano.

 

Limite

 

Em janeiro de 2024 entrou em vigor uma lei que limitou os juros e encargos do crédito rotativo e do parcelamento em 100% do valor principal da dívida. No entanto, as taxas médias do rotativo apresentadas pelo BC, mesmo após a vigência da lei, mostram que os juros comprometem a renda do trabalhador, levando ao endividamento e à inadimplência. 

 

É necessário corrigir as regras do crédito e enfrentar as taxas abusivas, para que o sistema deixe de ser instrumento de extorsão.