Caldeirão Grande enfrenta o Bradesco

Em Caldeirão Grande, o Bradesco pretendia encerrar as atividades sem sequer comunicar oficialmente à prefeitura, afetando 1,3 mil servidores e todo o comércio local.

Por Camilly Oliveira

A decisão do TJ-BA (Tribunal de Justiça da Bahia) que impede o Bradesco de fechar o único banco de Caldeirão Grande é um ato político em defesa da dignidade social. Em um país em que a digitalização do sistema financeiro avança sem olhar para as desigualdades, o fechamento de agências no interior expõe a face perversa de um modelo econômico que submete o direito à cidadania à lógica do lucro. 

 


A juíza Iasmin Leão Barouh determinou que o banco mantenha o posto de atendimento em pleno funcionamento, sob pena de multa diária de R$ 50 mil, reconhecendo que a ausência de acesso físico aos serviços bancários fere direitos fundamentais, especialmente de idosos e trabalhadores que dependem da rede presencial para sobreviver economicamente.

 


Em Caldeirão Grande, o Bradesco pretendia encerrar as atividades sem sequer comunicar oficialmente à prefeitura, afetando 1,3 mil servidores e todo o comércio local. A Procuradoria Municipal ingressou com ação civil pública argumentando que a decisão do banco deixaria centenas de aposentados e pequenos empreendedores sem meios de sacar benefícios ou movimentar recursos, em uma região onde o acesso à internet é precário. A decisão da Justiça, ao lado de medidas semelhantes em Pedro Alexandre e outros municípios, reafirma que a política de “retração de atendimento” imposta pelos bancos desestrutura a vida nas pequenas cidades e aprofunda o abismo social entre o centro financeiro e o Brasil real.

 


Enquanto o Bradesco ignora determinações judiciais e fecha agências no interior, o Procon-BA articula medidas coletivas para conter o avanço desse desmonte. A resistência jurídica liderada por prefeituras e sindicatos se transforma em símbolo de enfrentamento à financeirização da vida cotidiana. A Justiça baiana, ao fixar uma multa pesada e cobrar a presença estatal, envia um recado claro de que os direitos serão cobrados.