Licença-paternidade expõe atraso do Brasil

Este mesmo país, que reluta em oferecer creches e rede de apoio a mães solo, exige que estas trabalhem e liderem o lar, o que acontece em 52% dos casos.

Por Itana Oliveira

É tão arcaico que não parece real. O Brasil, em 2025, ainda coloca a mulher como principal, e às vezes única, responsável pelo cuidado dos filhos. Não é à toa que o país tem um dos maiores índices de crianças registradas sem o nome do genitor. A recente aprovação do projeto de lei 3935/2008, que concede, gradualmente, 20 dias de licença-paternidade aos pais, reforça o desafio da mulher na criação sobrecarregada das crianças. 

 

Este mesmo país, que reluta em oferecer creches e rede de apoio a mães solo, exige que estas trabalhem e liderem o lar, o que acontece em 52% dos casos, segundo estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

 

Especialistas reafirmam o que é visto cotidianamente: mulheres cuidam de si, dos filhos, da casa e, na maioria dos casos, ainda é responsável por prover. Além disto, a discussão ultrapassa a questão de gênero, a psicanálise afirma que a falta paterna pode causar traumas profundos, medo de rejeição e insegurança, pois a criança entende a ausência como uma falha própria e não uma decisão do adulto.

 

Desta forma, 20 dias de licença é visto como avanço diante do conservadorismo que o Brasil ainda vive, inclusive, a decisão tomada no Congresso Nacional foi de maioria masculina, ou seja, o futuro de mulheres e crianças ainda são decididos majoritariamente por homens.