Juros altos travam a economia

A Selic em 15%, o maior patamar em quase 20 anos, impacta diretamente setores estratégicos da economia, como construção civil, indústria e comércio, que dependem de crédito e consumidores. A política monetária mantida pelo Banco Central prejudica o Brasil e os brasileiros. 

Por Ana Beatriz Leal

A Selic em 15%, o maior patamar em quase 20 anos, impacta diretamente setores estratégicos da economia, como construção civil, indústria e comércio, que dependem de crédito e consumidores. A política monetária mantida pelo Banco Central prejudica o Brasil e os brasileiros. 
 

Estudo da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) mostra que, nos últimos cinco anos, a elevação dos juros tirou cerca de 800 mil famílias do mercado de crédito imobiliário e reduziu em 50% o público elegível a imóveis de até R$ 500 mil. A Selic alta também diminuiu a captação da poupança, principal fonte de financiamento desta natureza. 
 

A indústria e os investimentos também são impactados. Com o crédito mais caro e difícil, empresas industriais têm dificuldade de financiar capital de giro e investir em novos projetos. 
 

Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) revela que 80% das indústrias apontam a taxa de juros como principal entrave para crédito de curto prazo, enquanto 71% citam o mesmo problema no longo prazo. 
 

É um efeito em cadeia. Juros altos, queda no consumo. Encarecer o crédito é sinônimo de inadimplência alta, problema que atinge 30,4% das famílias. Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), 80% das famílias estão endividadas. A preocupação é real. Tanto é que os consumidores têm adiado compras e reduzido gastos.