Negro sofre mais com impactos ambientais
No Brasil, a população negra é a mais exposta a enchentes, deslizamentos e doenças ligadas à falta de saneamento básico, segundo levantamento do Instituto Pólis.
Por Itana Oliveira
A discussão sobre o meio ambiente tem tido grande destaque, sobretudo com o início da COP30, em Belém. Mas, é preciso ter em mente que os efeitos da crise ambiental não atingem a todos da mesma forma. No Brasil, a população negra é a mais exposta a enchentes, deslizamentos e doenças ligadas à falta de saneamento básico, segundo levantamento do Instituto Pólis.
A pesquisa revela que, em São Paulo, maior cidade do país, apenas 77,2% das áreas periféricas têm rede de esgoto, enquanto a média do município ultrapassa 91,7%. Já em Belém, indivíduos negros têm 30 vezes mais chances de hospitalização por doenças de veiculação hídrica do que pessoas brancas. Em Recife, os índices de saneamento, arborização e renda são sete vezes maiores nos bairros com maioria branca. Em Porto Alegre, 40,2% das pessoas pretas e pardas vivem em áreas de risco.
Mas, o quadro de desigualdade observado no Brasil reflete um fenômeno global. Na África, onde as emissões de carbono são historicamente baixas, as populações negras são as mais afetadas pelos efeitos da crise climática, como secas severas, insegurança alimentar e desastres ambientais.
