Negros ainda têm dificuldade para denunciar racismo

No mês em que o país marca o Dia da Consciência Negra, feriado nacional pelo segundo ano, em 20 de novembro, uma pesquisa mostra que grande parte da população negra ainda enfrenta barreiras para acessar caminhos básicos de justiça.

Por Itana Oliveira

No mês em que o país marca o Dia da Consciência Negra, feriado nacional pelo segundo ano, em 20 de novembro, uma pesquisa mostra que grande parte da população negra ainda enfrenta barreiras para acessar caminhos básicos de justiça. O estudo, relizado pelos institutos Orire e Sumaúma, revela que 52,2% das pessoas pretas e pardas não sabem como denunciar racismo ou injúria racial, e só 47,5% afirmam conhecer leis antidiscriminatórias.


O levantamento ouviu 423 pessoas de todas as regiões do país entre julho e setembro, sendo 310 pretas e 113 pardas. Apenas 20,3% acreditam que uma denúncia seria encaminhada corretamente. 


Os dados reforçam a distância entre a violência vivida e o acesso ao sistema de proteção. Entre cada 10 participantes, seis (59,3%) já sofreram racismo ou injúria ao circular pela cidade, mas 83,9% nunca registraram boletim de ocorrência. No Brasil, pretos e pardos representam 55,5% da população, segundo o Censo 2022.


O estudo também indica que 77,1% dizem saber diferenciar racismo e injúria racial, entendendo o primeiro como um ataque coletivo e o segundo como ofensa individual. Ainda assim, o caminho para denunciar permanece desconhecido e pouco confiável. Para buscar apoio, vítimas podem procurar delegacias, Ministério Público, Defensorias, ouvidorias e canais oficiais. O Disque 100 segue como serviço gratuito para denúncias de violações de direitos humanos.