SUS leva Brasil a feito inédito contra o HIV
Eliminar a transmissão vertical do HIV significa romper um ciclo histórico de desigualdade, medo e exclusão. Mais do que um marco sanitário, o reconhecimento da OMS afirma que vida, cuidado e acesso universal podem vencer o preconceito e a omissão.
Por Camilly Oliveira
O Brasil entrou para a história da saúde pública mundial. O país é o primeiro do mundo com mais de 100 milhões de habitantes, a eliminar a transmissão do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) de mãe para filho, aponta a OMS (Organização Mundial da Saúde).
A questão deixa de ser, portanto, um problema de saúde pública. O feito coloca o SUS (Sistema Único de Saúde) no centro de uma vitória civilizatória, baseada em testagem no pré-natal e a acesso universal a medicamentos.
Nos anos 2000, cerca de 0,4% das gestantes brasileiras viviam com HIV, e menos de 20% recebiam tratamento adequado no parto. Hoje, o Brasil apresenta taxas inferiores a 2% de transmissão vertical, patamar exigido internacionalmente para a certificação.
O avanço ganha ainda mais peso quando se olha para o passado, no início dos anos 1980, a epidemia de Aids atingiu com força a comunidade homossexual, marcada pelo estigma, ausência de respostas do Estado e discriminação. Foi desta dor coletiva que nasceu, no Brasil, uma política de enfrentamento que uniu movimentos sociais, ciência e direitos humanos.
Eliminar a transmissão vertical do HIV significa romper um ciclo histórico de desigualdade, medo e exclusão. Mais do que um marco sanitário, o reconhecimento da OMS afirma que vida, cuidado e acesso universal podem vencer o preconceito e a omissão.
