Quem pesa nas contas públicas são os ricos
No topo da lista está a isenção de lucros e dividendos, que retira R$ 146,1 bilhões por ano dos cofres públicos, mantendo o Brasil entre os poucos países que poupam este tipo de renda. Somado a isto, está a não regulamentação do Imposto de Renda sobre grandes fortunas, com potencial de R$ 100,5 bilhões, além dos sucessivos parcelamentos especiais de dívidas, que estimulam a inadimplência e custam bilhões à arrecadação.
Por Camilly Oliveira
Quando se fala em custo dos benefícios do governo, o debate costuma mirar os pobres, mas o maior buraco do orçamento está no que o Estado deixa de arrecadar para proteger o topo da pirâmide. Em 2026, as renúncias fiscais que beneficiam majoritariamente os mais ricos devem alcançar R$ 618,4 bilhões, segundo a Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil), quase quatro vezes o orçamento previsto para o Bolsa Família, estimado em R$ 158 bilhões.
Os valores não aparecem como despesa direta, mas operam como gasto público invisível, são isenções, subsídios e anistias que formam um sistema de privilégios tributários que consome 68% de todo o gasto tributário do país, sem comprovação de retorno social. No total, as renúncias devem chegar a R$ 903,3 bilhões em 2026, um valor que redefine quem, de fato, pesa sobre as contas públicas.
No topo da lista está a isenção de lucros e dividendos, que retira R$ 146,1 bilhões por ano dos cofres públicos, mantendo o Brasil entre os poucos países que poupam este tipo de renda. Somado a isto, está a não regulamentação do Imposto de Renda sobre grandes fortunas, com potencial de R$ 100,5 bilhões, além dos sucessivos parcelamentos especiais de dívidas, que estimulam a inadimplência e custam bilhões à arrecadação.
O resultado é um Estado que cobra pesado do consumo e da renda do trabalho, enquanto preserva grandes patrimônios e altas rendas. Questionar os privilégios não é punição aos ricos, mas justiça fiscal. Em um país desigual, escolher quem paga impostos é decidir quem sustenta de fato a democracia brasileira.
