Rust-out: o desgaste silencioso que adoece os bancários

Diferente do burnout, que explode em afastamentos e colapsos visíveis, o rust-out corrói aos poucos. É o esgotamento silencioso, em que o trabalhador continua entregando o básico, cumpre metas e mantém a aparência de normalidade, mas já não vê sentido no que faz. 

Por Ana Beatriz Leal

Diferente do burnout, que explode em afastamentos e colapsos visíveis, o rust-out corrói aos poucos. É o esgotamento silencioso, em que o trabalhador continua entregando o básico, cumpre metas e mantém a aparência de normalidade, mas já não vê sentido no que faz. 
 

Pode até parecer falta de capacidade ou acomodação, mas na verdade é energia desperdiçada em um ambiente que bloqueia iniciativa, criatividade e pensamento crítico.
 

No setor bancário, o rust-out encontra terreno fértil. A política desumana do sistema financeiro, marcada por metas abusivas, vigilância constante e pressão por resultados imediatos, transforma profissionais qualificados em executores de protocolos. Menos questionamento, mais “eficiência”. O resultado, porém, é o oposto do que se espera. Equipes apáticas, sem engajamento, que funcionam no automático.
 

Entre os bancários, os sinais aparecem no desinteresse por novos projetos, na ausência de participação em processos internos, na repetição mecânica das tarefas e na sensação de que nada muda, por mais esforço que se faça. Metas até podem ser batidas, mas sem aprendizado, sem inovação e sem perspectiva. 
 

O rust-out é perigoso justamente porque passa despercebido e, muitas vezes, é confundido com estabilidade. Para o sistema financeiro, pode parecer que “está tudo sob controle”. Para os trabalhadores, é um adoecimento lento, que esvazia o sentido do trabalho e compromete a saúde mental.