Reajuste do salário mínimo injeta bilhões na economia
O impacto direto do reajuste atinge cerca de 61,9 milhões de brasileiros que têm renda vinculada ao salário mínimo. Esse aumento da massa salarial tende a se refletir no consumo de bens e serviços, fortalecendo o mercado interno e movimentando setores como comércio, transporte e serviços.
Por Itana Oliveira
O reajuste do salário mínimo para R$ 1.621, válido a partir de janeiro de 2026, deve injetar R$ 81,7 bilhões na economia, segundo cálculo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O aumento nominal é de 6,79% em relação ao valor atual e faz parte da política permanente de valorização do piso salarial mantida pelo governo. O cálculo considera a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), de 4,18%, e o crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) de 2024, limitado ao teto de 2,5%.
O impacto direto do reajuste atinge cerca de 61,9 milhões de brasileiros que têm renda vinculada ao salário mínimo. Esse aumento da massa salarial tende a se refletir no consumo de bens e serviços, fortalecendo o mercado interno e movimentando setores como comércio, transporte e serviços. Embora o valor ainda seja considerado insuficiente para cobrir todas as necessidades das famílias, o reajuste mantém um fluxo contínuo de recursos na economia.
A política atual também busca equilibrar ganhos reais com responsabilidade fiscal. Se a regra anterior estivesse em vigor, com repasse integral do crescimento do PIB de 3,4%, o salário mínimo chegaria a R$ 1.636, o que elevaria a injeção de renda para R$ 93,7 bilhões, cerca de R$ 12 bilhões a mais. A opção por limitar esse crescimento mostra que o governo tem adotado uma estratégia gradual, priorizando a sustentabilidade das contas públicas sem interromper a valorização do piso salarial.
O aumento do salário mínimo também tem efeito direto sobre a Previdência, já que 70,8% dos beneficiários recebem até um salário mínimo. Cada real de reajuste gera um custo anual adicional, e o aumento de R$ 103 deve representar cerca de R$ 39,1 bilhões em despesas. Apesar disso, parte desse valor retorna à economia por meio do consumo e da arrecadação de impostos, reforçando o papel do salário mínimo como instrumento social e econômico, mesmo em um cenário de restrições fiscais.
