Juros do cartão de crédito chegam a mais de 400%

Nas operações de crédito para pessoa física, o aumento foi de 2,5 pontos percentuais (pp) na taxa média do cartão de crédito rotativo, chegando a 445% ao ano, uma das modalidades mais altas do mercado.

Por Itana Oliveira

O sistema financeiro ataca novamente: dados mostram que os juros do cartão de crédito rotativo chegam a 445% ao ano. O número dispensa explicações, afinal, o que justifica quadruplicar o valor de uma dívida no período de 12 meses? Visível, só o enriquecimento dos rentistas. 

 

Nas operações de crédito para pessoa física, o aumento foi de 2,5 pontos percentuais (pp) na taxa média do cartão de crédito rotativo, chegando a 445% ao ano, uma das modalidades mais altas do mercado. A saída para pagar é fazer mais dívidas. 

 

Em janeiro do ano passado, passou a vigorar a limitação de 100% de juros ao ano, no entanto, só é válida para novos empréstimos, os anteriores continuam com cobranças elevadíssimas.

 

Para as famílias, a taxa teve aumento de 0,3 pp em março e alta de 3 pp em 12 meses, chegando a 56,4% ao ano. No cheque especial, as taxas reduziram 8 pp em março, mas elevaram-se 6,1 pp em 12 meses. Ainda assim, os juros são altos: 134,2% ao ano. Desde 2020, o limite de taxas para a modalidade é de 8% ao mês (151,82% ao ano).

 

Nem as empresas se safaram, pois os juros médios para novas contratações de crédito aumentaram 0,8 pp no mês e 3,5 pp em 12 meses, chegando a 24,6% ao ano. O cheque especial chegou a 349,2% ao ano. 

 

A justificativa do Banco Central é de que o efeito saldo impactou diretamente na elevação das taxas, pois o aumento do crédito rotativo cresceu em relação ao consignado. Contraditório. Quem não consegue pagar, recebe mais juros? A lógica existe, mas apenas em favor do banco.

 

Ainda segundo o BC, a inadimplência se mantém estável, com 3,2% em março, evidenciando que se não diminui, é porque o povo não tem como pagar. Não é esperado perdão da dívida, óbvio. O que há é a necessidade de olhar para tamanho abuso dos bancos, cada vez mais lucrativos, em cima dos mais pobres, que ficam cada vez mais pobres.